| Emil, filho de um modesto alfaiate, tem um diploma da Realschule, uma escola cara para as suas posses. No entanto, no início da Grande Guerra, é apenas um aprendiz numa fábrica de tecelagem. Todos lhe chamam Schlump, uma alcunha que significa “malandro feio”, que lhe foi dada depois de uma travessura no mercado, quando era criança. Schlump deveria dedicar-se a fazer modelos, mas os seus pensamentos voltam-se para as raparigas e para a guerra, imaginando-se num uniforme cinzento, admirado pelas mulheres a caminho da frente ou triunfante no seu regresso, entre celebrações e flores atiradas das janelas.
A 1 de agosto de 1915, com a sua cassete de ordem na mão, cumprimenta a sua mãe em lágrimas e apresenta-se orgulhosamente no quartel. É enviado para Libercourt, em França, e de lá marcha para aldeias sem jardins bem cuidados ou casas pitorescas. Graças aos seus conhecimentos de francês, é-lhe confiada a tarefa de administrar três aldeias. Em Loffrande, a maior, descobre o que significa comandar homens idosos e mulheres jovens como Estelle, uma loira de olhos azuis, Suzanne, uma morena de caracóis castanhos, e Jeanne, de cabelo preto e pele diáfana. Schlump desfrutaria alegremente da vida ali, se não fosse o som dos tiros de canhão que ecoam da frente próxima.
Mas a guerra chama-o e Schlump tem de deixar Loffrande para ir para a trincheira, onde o espera o silvo das granadas, os corredores lamacentos e as balas que assobiam como andorinhas depois de uma tempestade. O “Soldado Schlump”, publicado em 1928, queimado pelos nazis em 1933 e redescoberto em 2008, é uma das obras mais poderosas sobre a Grande Guerra. |
